Há tanta esperança nas obras de Sylvia Plath
nós mulheres precisamos falar mais dessa alegria
Renasço das cinzas
Com meu cabelo a queimar
Devoro homens como ar.
(tradução de Larissa Carreiro)
É assim que Silvya Plath termina o que seja talvez um de seus mais belos poemas, o magnífico Lady Lazarus. O texto é belo e triste, trata diretamente em uma escrita confessional sobre sua depressão, mas não vejo Plath como uma mulher entregue à tristeza.
Plath era uma mulher apaixonada pela vida, tão perdidamente amante da vida que tinha a coragem de olhar para as suas feridas, escrever sobre elas e assim conseguir sobreviver.
E eu, mulher sorridente.
Tenho apenas trinta.
E como o gato, tenho nove
vidas para morrer.
Lady Lazarus
É muito fácil colocar Sylva Plath nesse terrível lugar de louca e depressiva. É isso que fazem com mulheres brilhantes, com mulheres magníficas como ela.
No livro O perigo de estar lúcida Rosa Montero faz um resgate da loucura de Sylvia Plath, de sua biografia, que para mim é um verdadeiro relato de esperança para nós mulheres.
Plath queria antes de tudo viver! Tenho tantas coisas a fazer!, ela disse antes de partir!!!
Sua ruína foi o patriarcado, essa violência tão brutal com que nós mulheres temos de lutar todos os dias. Plath sabia dos custos de encarar essa luta:
Por olhar minhas cicatrizes, há um custo
Por ouvir meu coração —
E ele pulsa.
E há um custo, um custo
muito alto
Por uma palavra ou toque
Ou uma gota de sangue
Lady Lazarus
Mas que mulher corajosa!!! Magnífica!!! Ela queria viver!! E é por mulheres como ela que desejo profundamente escrever e que mais e mais mulheres escrevam.
Escrever é a nossa revolução!!
Seu Deus, Seu Lúcifer
Aguarde
Aguarde.
Renasço das cinzas
Com meu cabelo a queimar
Devoro homens como ar.
Lady Lazarus
Plath renasce das cinzas como uma feiticeira. Inverte a fórmula de Fausto!!! Aguardem!!!! Ela refaz o pacto com o demônio e e cria uma nova aliança entre mulheres. Nossa Marylin Monroe feiticeira das palavras.
"Marilyn Monroe me apareceu ontem à noite num sonho, como uma espécie de fada madrinha”, escreveu Sylvia Plath (1932-1963) em seu diário no dia 4 de outubro de 1959.
No sonho, Marilyn fazia as unhas de Sylvia enquanto a poeta lamentava que todos os cabeleireiros que visitava lhe impunham um corte horrível. Talvez Marilyn tivesse alguém de confiança para indicar. “Ela me convidou para visitá-la no Natal, prometendo uma vida nova, florescente.”
No artigo Quero ser Marilyn Monroe Alberto Bombing defende – a partir de uma interessante biografia da autora que compara a escritora com a diva de hollywood – que Plath era sedenta por exposição como Monroe e isso as aproximaria. Segundo ele, a ambição teria sido a ruína de ambas.
Que coisa mais ridícula!! Só homens que não suportam o brilho e a beleza de mulheres magníficas para pensar algo tão vulgar.
Plath e Monroe são as nossas divas, sensuais e mágicas. É por ela que todas escrevemos. Escrevemos em aliança. Somos agora feitiço, fuga e energia!!! Não podem mais nos calar!!
Uma aliança,
Pedaço de sabão,
Ouro de obturação.
Seu Deus, Seu Lúcifer
Aguarde
Aguarde.
Renasço das cinzas
Com meu cabelo a queimar
Devoro homens como ar.
Iremos devorá-los!!!
Para conhecer mais a poesia visceral e efusiva de Sylvia Plath recomendo esta obra pela qual estou completamente apaixonada:
Metáforas
Sou uma charada em nove sílabas,
Um elefante, casa pesada,
Melão andando sobre gavinhas.
Fruto rubro, marfim, finas vigas!
Obrigada por ler até aqui!!
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